quarta-feira, 26 de outubro de 2022

O biscoitão Redondo

 

O biscoitão


Quando acabou de tomar seu café, Paulinho correu à cozinha e falou:

- Mamãe, muito obrigado pelo biscoitão gostoso.

- Ah! Filho, não agradeça a mim, agradeça ao padeiro que o fez.


Paulinho correu até a padaria e falou:

- Senhor Joaquim, hoje de manhã mamãe me deu um biscoitão gostoso. Eu agradeci a ela, mas ela me disse:

- Não agradeça a mim. Agradeça ao padeiro.

Então, Sr. Padeiro, muito obrigado pelo biscoitão gostoso.

O padeiro falou: - Não agradeça a mim. Agradeça ao fazendeiro que me vendeu a farinha com que fiz o biscoito.


Paulinho, mas que depressa, correu até a fazenda que era pertinho de sua cidade e falou:

- Senhor Manuel, hoje de manhã mamãe me deu um biscoitão gostoso.

Eu agradeci a ela, mas ela disse:

- Não agradeça a mim. Agradeça ao padeiro.

Eu agradeci ao padeiro, mas ele me disse:

- Não agradeça a mim. Agradeça ao fazendeiro.

Então Sr. Fazendeiro, muito obrigado pelo biscoitão gostoso.

- Ora, ora, não agradeça a mim. Eu só preparei a farinha. Agradeça ao trigal que me deu o trigo.


Paulinho foi até o trigal, amarelinho, amarelinho de espigas de trigo e gritou:

- Trigo, hoje de manhã mamãe me deu um biscoitão gostoso. Eu agradeci a ela, mas ela me disse:

- Não agradeça a mim, agradeça ao padeiro.

Eu agradeci ao padeiro, mas ele me disse:

- Não agradeça a mim, agradeça ao fazendeiro.

Eu agradeci ao fazendeiro, mas ele me disse:

- Não agradeça a mim, agradeça ao trigo.

Então, trigo, muito obrigado pelo biscoitão gostoso.

- Há, há, há. Não agradeça a mim, agradeça à chuva que molhou a terra e me ajudou a crescer e produzir muito.


Paulinho correu à sua casa, pegou o guarda-chuva e saiu procurando a chuva. Encontrou-a e gritou:

- Dona chuva, hoje de manhã mamãe me deu um biscoitão gostoso. Eu agradeci, mas ela me disse:

- Não agradeça a mim, agradeça ao padeiro.

Eu agradeci ao padeiro, mas ele me disse:

- Não agradeça a mim, agradeça ao fazendeiro.

Eu agradeci ao fazendeiro, mas ele me disse:

- Não agradeça a mim, agradeça ao trigo.

Eu agradeci ao trigo, mas ele me disse:

- Não agradeça a mim, agradeça à chuva.

Então, Dona chuva, muito obrigado pelo biscoitão gostoso.

- Ô, ô, ô. Eu só ajudei um pouco. Não agradeça a mim, agradeça ao sol que deu força à terra para o trigo crescer e produzir.


Paulinho esperou a chuva passar, fechou o guarda-chuva e olhou para o céu. O sol amarelo brilhava e brilhava.

- Ó sol, hoje de manhã mamãe me deu um biscoitão gostoso. Eu agradeci a ela, mas ela me disse:

- Não agradeça a mim, agradeça ao padeiro.

Eu agradeci ao padeiro, mas ele me disse:

- Não agradeça a mim, agradeça ao fazendeiro.

Eu agradeci ao fazendeiro, mas ele me disse:

- Não agradeça a mim, agradeça ao trigo.

Eu agradeci ao trigo, mas ele me disse:

- Não agradeça a mim, agradeça à chuva.

Eu agradeci à chuva, mas ela me disse:

- Não agradeça a mim, agradeça ao sol.

Então, lindo sol, muito obrigado pelo biscoitão gostoso.


O sol deu uma risada e falou grosso: - É Paulinho, eu ajudei um pouco.

Mas quem me faz brilhar no céu e aquecer a terra?

Quem manda a chuva cair para molhar as plantas?

Quem fez o trigo e o fez crescer no campo?

Quem fez o fazendeiro e lhe deu força para plantar o trigo, colhê-lo, moer seus grãos e preparar a farinha?

Quem dá sabedoria ao padeiro para fazer biscoitos gostosos?

Quem lhe deu um papai que trabalha e dá dinheiro para comprar o biscoito?

Quem lhe deu uma mamãe amorosa e cuidadosa que procura lhe dar coisas boas?

Quem? Quem?

Quem foi mesmo que lhe deu o biscoitão gostoso?


Paulinho nada respondeu. Apenas correu para casa, ajoelhou-se junto de sua cama e orou:

- Deus, muito, muito obrigado pelo biscoitão gostoso


(Elvira Moraes Lustosa)

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